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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

 Eu posso me recordar detalhadamente daquela mórbida tarde, daquelas xícaras de café transbordando rebeldia por toda casa, daquele carpete manchado por lágrimas ferozes, daquelas garrafas de bebidas vazias que de tão vazias ecoavam o som de meus passos. Enquanto caminhava por aquele cenário grotesco de uma bela estória de romance aonde o mocinho termina com a donzela e o vilão termina nas colinas de um Vale Distante, pude perceber o quão diferente estava aquele lugar. Havia sido tomado pela tristeza, pela mágoa, pelo rancor e todos esses sentimentos permaneceriam por lá durante muito tempo, nem mesmo a mais radiante felicidade e a chama mais aguda da luz poderia mudar a aparência morta daquela casa. As flores murcharam, o chão se tornou mais forte que pedra, as paredes tinham como tinta o sangue derramado de alguém que tanto se importou com aquele lugar.
  Quando deixei aquele mundo pensei que ele seria preservado da mesma forma que as minhas lembranças também seriam, mas me esqueci que deixei tudo aquilo nas mãos de alguém que forçou a minha partida, de quem causou a minha morte.

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