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domingo, 22 de janeiro de 2012

Eu componho música para os pássaros e escolho uma escala de cor para as violetas. Eu seleciono dentre confusos e semelhantes sonhos o que desejo sonhar naquela noite fria. Eu controlo meu choro e as vezes quando é preciso despejá-lo, sorrio, aprendi em alguma esquina dessas entrançadas com gigantes ruas que essa é a arma para não se molhar com águas tão dolorosas. Nos primeiros dias de uso da teoria não tive bons resultados, fiquei três meses em cama por fortes dores no peito. Será que essas águas são tão impetuosas e atrevidas que alcançaram meu coração? Pensei no mais óbvio e não era isso. Sim, era claro. A teoria havia falhado. Mais três meses depois já não era possível abrir os olhos, e ainda sim eu tentava (talvez em vão) julgar-me firme nessa tentativa. Três dias. Esse foi o tempo necessário para que eu visse o verdadeiro problema. Não era a teoria que estava errada e sim o meu modo de executá-la. Um dia chorava, outro sorria e no outro chorava. Um ciclo que jurei ser interminável, até provar o contrário.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Eu sou fruto do acaso
Semelhante ao desespero, roubei um traço
Desenhando o céu, me fiz palhaço
E tropeçando pelas ruas em pedaços
Conjurei a vida à estilhaços.
Mórbido e com poucos passos
Abrigando-me em promíscuos espaços
Chorava em contínuos descompassos
Me afogava em inúmeros casos,
Aonde o amor gerava atrasos
E quebrava assim os chamados "casais feito de aço"
Que mais tarde gerariam, mais um fruto de acasos.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Não sabemos o que é sofrer até descobrirmos que nossos dias estão chegando ao fim, que deixaremos tudo que conseguimos até agora solto pelo ar, e que depois de algumas horas estaremos podres e mais inúteis do que nos sentíamos quando ainda éramos vivos. É cômico porque só nessas horas descobrimos o valor de coisas que antes seriam simples, meus pulmões doem a cada tentativa de enchê-los de vida, meus olhos choram se alguma palavra eu insistir em proferir... Acreditem, não há nada pior que estar morrendo aos poucos sem poder contar nada a ninguém, e sabendo que fomos nós quem buscamos essa morte.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Eu não sei amar
Me contento em sofrer
Tentei muitas vezes mudar
E enfim da vida aprender.
Porém sem muito esforçar
Comecei a subverter
Coisas comecei a enxergar
Teorias me dispus a fazer.
A medida que via o tempo passar
Menos me importava em saber
Por quanto tempo tudo irá durar
Quando por fim irei morrer.
Num certo dia ao despertar
As luzes do amanhecer
O Sol me fez enxergar
Que algo bom a vida iria me oferecer.
No caminho ao procurar
Nada mais me fazia crer
Que no abismo que ousara encarar
Tinha algo a me esconder.
De costas virei ao ventar
E meus olhos se puseram a ver
Os pássaros estavam a cantar
E a lua já a aparecer.
As peças então pude juntar
E por fim consegui entender
Na vida não se pode esperar
Sentado em frente a tv.
Eu sou um pássaro sem asas, um céu sem estrelas, um sol sem calor. Sou o frio do inverno que cobre de névoa a tua janela, sou as lágrimas que escorrem dos teus olhos quando sentes dor, sou o que machuca e corrói o teu coração. Sou as folhas secas de uma árvore velha, sou um café requentado durante consecutivas madrugadas de insônia. Sou um descompasso das horas e um retrocesso do futuro. Sou inútil a vida.